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quinta-feira, 3 de março de 2011

Afinal, os Maias previram o quê ?

calendario maia

Começo com um pouco de história sobre um povo com capacidades extraordinárias. De entre as civilizações mesoamericanas, a dos maias foi a que se manteve por mais tempo. Ainda existem cerca de 6 milhões de maias no México, Guatemala, Belize e Honduras. A sua época áurea remonta entre 250 a 900. Os maias mapearam passagens de objectos celestes. Os seus almanaques prevêem eclipses e as posições de Vénus e de Marte.
A astronomia maia sobreviveu ao tempo. Contudo, a sua mitologia também sobreviveu. Os movimentos do Sol, Lua e Vénua eram considerados movimentos dos deuses. A astronomia estava inserida num sistema de crenças e rituais religiosos que incluíam sacrifícios e guerras. A sorte ou o azar de quem vivia naquela sociedade dependia das interpretações dos xamãs sobre o movimento dos astros. Havia a obsessão em descobrir relações numéricas entre os movimentos dos planetas e ciclos religiosos.
Os maias acreditavam que o Universo era plano e quadrado e o Sol girava em torno da Terra. Havia o submundo, dominado pelos deuses da morte. O céu pertencia ao Sol e a Itzamna. Quando escurecia, os maias podiam ver as acções dos deuses nos desenhos das estrelas como o desenrolar de uma narrativa.

Os calendários Maias:

contagem longa – com anos de 360 dias
cíclico – combinação de outros dois calendários:
tzolkin – 260 dias, religioso
haab – 365 dias, civil

Os 260 dias do tzolkin representa o número de dias em que o Sol passa pelo zénite em algumas das cidades. Outra explicação para este calendário é o número de dias em que Vénus está visível. A combinação tzolkin-haab traduzia-se em repetição de datas a cada 18980 dias (73 tzolkin eram 52 haab).
Outras datas estavam relacionadas a observações astronómicas. Vénus demorava 584 dias a completar o seu período sinódico (a voltar à mesma posição no céu). Após cinco ciclos venuzianos, tanto Vénus como a Terra voltavam à mesma posição relativamente às estrelas.
O objectivo do calendário de contagem longa era o de registar factos históricos de forma linear sem a repetição de datas que os calendários de contagem curta obrigam. Neste calendário, de 360 dias, o dia era kim, o mês era uinal e tinha 20 kim. O ano, tuin, tinha 18 uinais para totalizar os 360 kim.
Daqui nada ressalta que em 2012 haverá algum evento destruidor.
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A precisão dos Maias é algo que nos deixa perplexo. Ora reparem:
O haab, com 365 dias, ficava desencontrado do ano solar real a cada quatro anos. Para comparar a precisão maia vamos usar o nosso calendário gregoriano. Com os anos bisextos, e não só, o nosso calendário perde 1 dia a cada 3300 anos. Mais em pormenor, um ano, no calendário gregoriano tem 365,24250 dias, o ano solar tem 365,24219 dias.
Inscrições nas ruínas de Palenque mostram que os maias sabiam que 1507 anos solares correspondiam a 1508 haab. Assim, deduziram, por observação sistemática, que um ano tinha 365,242203 dias. Sabiam ainda de 46 tzolkins correspondiam a 405 ciclos lunares. No calendário de Ptolomeu temos 29,53337 dias. No calendário maia temos 29,53086. Uma precisão maior!
O segredo está na persistência e na observação sistemática dos movimentos e posições dos corpos celestes, durante muitos anos.
Enquanto isso, o segredo dos pseudo também está na persistência da loucura.
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Os mesoamericanos adoravam não só o Sol mas também os planetas (que também eram deuses).
O Planeta Vénus, para os maias, representava a guerra e era irmão do Sol. Estes dois irmãos teríam passado por provas no submundo ao disputar jogos de bola em que, quem perdesse era decapitado. Então estes dois irmãos venceram as provas e tornaram-se Vénus e Sol. Desta forma representavam sacrifícios e batalhas. Através das posições de Vénus, os mesoamericanos determinavam jogos de bola, sacrifícios e batalhas.
Marte tem um período de translação maior que o da Terra. Por esse motivo, a cada 780 dias, o nosso planeta ultrapassa Marte, que parece andar para trás, na abóbada celeste, num movimento que dura cerca de 75 dias. Para os maias Marte é uma espécie de porco “decapitado”. Uma curiosidade ressalta: 780 dias correspondem a 3 tzolkins, ou 260 dias.
Ainda relativamente a Marte, os mesoamericanos tinham interesse em calcular quanto tempo demorava até que este planeta aparecesse novamente em frente da mesma constelação. Calcularam e chegaram ao número de 702 dias, intercalado com 540 a cada sete ou oito anos.
Algumas das constelações dos maias seríam escorpião, jaguares, serpente, morcego, tartaruga e tubarão. Tinham também um gémeos, em que um era porco.
Em suma, os maias eram obcecados em comparar dados e recolher informação sistemática. É como medir tudo em minha casa e fazer comparações com tudo isso. Muito bem, a TV mede 63cm, a secretária 234, 234/63=3,71 que é a medida da espessura do meu telemóvel. Isto quer dizer alguma coisa, para além de ser uma observação meticulosa? Para os pseudo pode querer dizer que um lápis gigante vais riscar as paredes da minha casa no dia 4 de Abril de 2013? Não me parece. Mas há quem acredite! Há quem encontre mensagens subliminares em qualquer coisa, até em canetas BIC!


Fonte:
SCIAM especial “Etnoastronomia”, “Astronomia Maia”, Bruno Maçaes.

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