A equipa da missão Kepler acaba de anunciar a descoberta de 6 planetas em torno da Kepler-11, uma estrela de tipo espectral G semelhante ao Sol mas mais evoluída. Os planetas foram todos detectados através de trânsitos e confirmados depois pela medição precisa dos tempos de trânsito (a interacção gravitacional entre os planetas provoca atrasos ou avanços dos mesmos nas suas órbitas, alterando ligeiramente a periodicidade dos trânsitos e permitindo deduzir as suas massas) e da velocidade radial do sistema. Para que os trânsitos dos 6 planetas sejam observáveis as órbitas dos mesmos têm de estar quase sobre um mesmo plano e este último tem de estar alinhado de forma muito precisa com a nossa linha de visão. O sistema tem outra caraterística incrível. Se fosse sobreposto ao Sistema Solar, as órbitas dos primeiros cinco planetas (-11b a -11f) ficariam dentro da órbita de Mercúrio e a do Kepler-11g entre as órbitas de Mercúrio e de Vénus. Os respectivos períodos de translação são de 10, 13, 22, 31, 46 e 118 dias. Quanto ao tipo de planetas, o sistema é também muito interessante. Os cinco planetas mais interiores têm massas de 4.1, 13.5, 6.1, 8.4 e 2.3 vezes a massa da Terra. A massa do Kepler-11g não é conhecida com exactidão mas é certamente inferior a 95% da massa de Júpiter (devido ao seu período mais longo este planeta requer observações durante mais tempo para a sua massa ser calculada com precisão). Podem ver mais detalhes sobre os parâmetros físicos do sistemaaqui.
Para além desta descoberta confirmada, a equipa da missão anunciou ainda que até agora foram identificados 1235 candidatos a exoplanetas nos dados obtidos pelo telescópio até 17 de Setembro de 2009. A análise do período dos sinais destes candidatos permite ter uma ideia da distância a que orbitam a estrela hospedeira (usando as Leis de Kepler). Por outro lado, a percentagem de luz da estrela removida durante o trânsito permite calcular o raio aproximado do planeta (aqui o factor de incerteza é a precisão com que se conhece o raio da estrela hospedeira). Esta análise aplicada aos candidatos referidos permite concluir que, se todos fossem confirmados como planetas pelo seguimento da velocidade radial, 288 seriam Super-Terras, 662 seriam Neptunos, 165 seriam do tamanho aproximado de Júpiter e 19 seriam maiores que Júpiter. Foram também identificados 54 candidatos que orbitam a estrela hospedeira na zona habitável, dos quais 5 são do tamanho da Terra e os restantes 49 têm tamanhos que variam desde Super-Terras até planetas maiores que Júpiter. A confirmação dos candidatos na zona habitável demorará ainda bastante tempo devido aos longos períodos orbitais e à massa pequena de muitos deles que levará ao limite a técnica da velocidade radial.
Fonte: AstroPT
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